Antes que alguém diga, pergunte, grite... sim, o livro é melhor que o filme. Mas isso não é surpresa. Surpresa é que o filme também é muito bom!
Não vou me prender falando sobre a história ou falando das qualidades do filme. O que eu quero trazer são as diferenças entre o filme e o livro.
Para começar, gostaria de dizer que é uma excelente adaptação cinematográfica. Todas as partes cortadas foram bem escolhidas e as partes incluídas, necessárias. Curti e, apesar de ser muita fã, não me deu raiva em nenhum momento.
A parte que mais chama atenção é que o filme é bem mais light que o livro. As mortes, as dores, as raivas, todas bem minimizadas. Não me senti incomodada e, depois refletindo sobre o livro, concluí que se eles fossem retratar graficamente exatamente como é no livro a classificação teria que ser altíssima e, mesmo os adultos, não aguentariam muito tempo ou gostariam muito. Achei uma boa jogada do diretor. Porém, ao mesmo tempo, isso superficializa o fato de que são crianças matando crianças. Parece mesmo que as pessoas esquecem disso pelas torcidas e gritinhos de vitória durante a sessão. Acho que nunca foi intenção da autora esquecermos disso, porque é importante lembrarmos o verdadeiro horror que seria esse futuro.
O livro é narrado em primeira pessoa, pela Katniss. Por isso, nós conhecemos muito bem a personagem. Suas motivações, seus desejos, suas opiniões, seus pensamentos. Nós sabemos o que Katniss sabe. O filme, obviamente, não pode nos dar um insight tão grande. Mas, tudo bem. Porque o que ele nos mostra é mais que suficiente para entendê-la. Mas, não o suficiente para se apaixonar por ela. Coisa que acho essencial para a continuação da saga. Eles ainda tem três filmes para resolver isso.
Outra grande diferença é que nós conhecemos os gamemakers e como os jogos são feitos! Como não temos a mente de Katniss para nos explicar as coisas, os roteiristas incluíram o background dos jogos, saída excelente! Não só é divertido, como importante para o enredo. Os leitores do livro devem se sentir como se tivessem ganhando um pouco mais de história (é legal notar que a autora é uma das roteiristas. Ou seja, deve ser exatamente desse jeito que ela imaginou que seria).
Tem três personagens importantes que são explorados de forma diferente: Presidente Snow, Prim e a mãe de Katniss.
Presidente Snow é o melhor explorado. No livro, como Katniss não conhece o presidente, nós também não conhecemos. No filme, temos oportunidade de conhecê-lo melhor. De entendermos o que está por trás das rosas e do cheiro de sangue. Acho que será muito interessante esse desenrolar nas sequências.
Mother (a mãe de Katniss que não tem nome no livro ou no filme) é retratada como a pessoa frágil que aparece no início do livro. Mas, durante os jogos Katniss pensa muito sobre ela e entendemos seu passado e sua força no presente. Só que essa parte foi retirada, ou seja, não temos esse desenvolvimento. Mas eles tem tempo de mudar.
A Prim dos livros é frágil. Mas é doce e boa e forte. Vi isso desde o primeiro livro. No filme, ela só aparece como uma menininha bobinha e fraca. Em nenhum momento vislumbramos sua força. Também, nos próximos haverá tempo de remediar. Até porque ela aparece menos nesse livro.
A saída que mais senti foi de Madge, que não existe no filme. Mesmo nos livros, sua participação é diminuta. Mas ela dá uma qualidade feminina para Katniss, um desenvolvimento de sua personalidade. Também vou sentir falta, porque o fato do broche de Mockinjay ter pertencido a outro tributo, que já havia morrido, e sua história com Haymitch é das minhas partes favoritas! Mas tudo bem, entendo sua saída.
Desde o início, fiquei preocupada em como eles iriam retratar o triângulo amoroso, porque amo sua sutileza. E não me decepcionei. A reticência de Katniss, sua forma desastrada de demonstrar, tudo foi muito bem executado. Só não gostei de que fica mais óbvia sua relação com Gale. Imagino que tenha sido essa a percepção se tivéssemos lá assistindo. De dentro do District 12.
Já me estendi muito. É claro que diferenças de visual existem. Outras ausências (o jardim na cobertura, a Avox, Greasy Sae e outras pessoas do Hob e muitas outras) e presenças. Mas, de modo geral, considero essas as mais importantes.
Eu amo o livro. Depois de Harry Potter, acho a série YA mais edificante para a galera que tá crescendo agora. Acredito que deveria ser leitura compulsória nos colégios por diversos motivos. Por isso, gostei do filme não ter ficado bobo e sem graça. Vale à pena pra quem não leu e pra quem leu também. É como se tivesse mais história, sabe?
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Sobre o autor
Joana Aquariana, carioca. Devoradora de livros, viciada em séries e sol. Leio na praia, no ônibus, no carro, no computador, no sofá, na cama, no banheiro, andando, correndo e, às vezes, até tomando banho.
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