Antes de mais nada, gostaria de agradecer pelo espaço para as minhas resenhas dentro do Lembra Daquela História?, que começou ano passado e termina agora, com a trigésima postagem.
Gostaria de agradecer também aos leitores, que acompanharam os meus textos, comentaram, opinaram e até discutiram sobre os filmes. Vocês foram importantes para a movimentação de novas resenhas e novas postagens.
Me despeço do blog contente pela divulgação que as minhas visões sobre a sétima arte tiveram e pelas críticas construtivas e comentários positivos que recebi.
Um abraço e muito obrigado,
Ewerton.
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A sensibilidade da morte
É
interessante assistir ao mais recente filme de Gus Van Sant e deparar-se com
uma sensibilidade exarcebada com questões um tanto quanto delicadas. Não que
isso seja algo açucarado demais, nem piegas. A atual obra do diretor trabalha
com o tema “morte” de forma despretensiosa, leve, inocente até. Talvez essa
seja a chave principal para o êxito de Inquietos
(2011).
O
risco de filmar um roteiro que trate de doenças terminais é cair facilmente no
senso comum e produzir mais um filme sem sal e que não mudou em nada a leva de
películas melodramáticas. No entanto, Gus Van Sant está sob esse terreno há
tempos — com Elefante (2003) e Paranoid Park (2007), por exemplo,
permeando tragédias particulares e as relações e consequências que são geradas
a partir dessas tragédias — e o olhar que emprega em Inquietos
através de suas lentes é algo diferenciado e que o público aceita sem
problemas.
Há
dois pontos importantes que, ao conferir o filme, o espectador provavelmente
irá notar: as boas atuações de Mia Wasikowska e Henry Hooper (apesar deste
escorregar levemente quando o roteiro exige cenas mais dramáticas e intensas,
como a discussão com a tia ou com Hiroshi) e a fotografia tranquila, quieta e
clara, registrando os tons pastéis das ruas outonais americanas ou das próprias
vestes, até antiquadas, mas muito bem utilizadas, dos protagonistas. Esses dois
elementos formam uma base consistente para o filme de Sant, além, claro, do bom
roteiro de Jason Lew.
A
diferença principal, por fim, é o tratamento que a própria morte recebe na
história: ironizada e até levemente ridicularizada pelos protagonistas (a cena
do necrotério é leve e descontraída), eufemizada e metaforizada por Gus Van
Sant (dificilmente os caixões aparecem nas cenas dos funerais e não há pessoas
chorando derradeiramente). Porém, quando ela chega, os personagens percebem seu
poder irreversível e sentem, de uma vez, que não possuem o controle sobre ela, então
a aceitam de bom grado, sem delongas.
Restless, Gus Van Sant, 2011.
Inquietos. Roteiro
de: Jason Lew. Com:
Henry Hooper, Mia Wasikowska, Ryo Kase, Lusia Strus, Jane Adams.
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Sobre o autor
Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera
A Bombonière