16 de março de 2012

Filme: Piranha


O exploitation no limite


Piranha (2010) é um filme que aborda limites. O espectador, frente a situações previsíveis e ridículas, acaba testemunha de um festival de babaquices e absurdos. Seria uma ideia errônea criar um filme desse modo se não fosse divertido. O interessante, ao final, não é o seu roteiro ameno ou seus efeitos visuais que beiram à computação gráfica mal feita, mas sua pretensão ao mostrar cenas difíceis de acreditar que foram produzidas.

Estão ali presentes muitas característas do cinema apelativo: temos adolescentes mostrando peitos e bundas, mutilação e muito sangue. De certa forma, a criação da mínima história contribuiu para isso: a presença do produtor e diretor de filmes pornográficos deseja apenas cenas boas e quentes para seu próximo lançamento, e isso exige a presença de jovens bonitas e atraentes, eufemisticamente falando, e um cenário bonito. Em um amontoado de cenas rápidas, somos apresentados ao protagonista, um jovem aparentemente bobão que gosta da amiga, e que, repentinamente, vê-se ao lado do produtor, que exige dicas de cenários bons para seu filme.

Dessa forma, diretor, “atrizes” e protagonista (acompanhado estranhamente pela amiga) vão a um certo ponto afastado de um lago. Esse lago é, por razões óbvias, o espaço onde o banquete sanguinário é servido.


A produção encarrregou-se em misturar os tipos de efeitos utilizados para a composição das cenas grotescas. Em certos momentos vemos maquiagem aplicada nos atores e, em outros, o uso de uma computação gráfica que varia de uma qualidade razoável para um realismo duvidoso. A impressão que é passada para quem assiste é a falta de cuidado proposital: tudo ali presente tem sentido cômico, seja esse proveniente das piadas de mau gosto geradas pelos diálogos dos personagens ou das cenas de morte propriamente ditas.

A catarse experimentada pelo público chega a níveis que beiram o extremismo (na cena onde a garota perde os cabelos que ficam presos nas hélices de um motor de um barco) e o ridículo (quem espera ver uma piranha jurássica arrotar um pênis contra a câmera?), tudo ressaltado pelo 3D convertido na pós-produção, decisão essa que também transparece um “cuidado” para com o mau gosto como forma de diversão.

No final das contas, as referências mais que esperadas acabam tornando-se presentes, como o pôster vintage que parece ter sido criado especialmente para os fãs de Tubarão (1975), assim como a própria fotografia, que privilegia as pernas fresquinhas dos banhistas desavisados, elevando um pouco o nível do filme e formando um novo exemplo de exploitation exagerado.


Piranha 3D, Alexandre Aja, 2010.

Piranha. Roteiro de: Pete Goldfinger e Josh Stolberg. Com: Steven R. McQueen, Elisabeth Shue, Jerry O’Connell, Christopher Lloyd, Adam Scott.


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Ewerton

Sobre o autor

Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera A Bombonière

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