A Mulher de Preto
The Woman
In Black
Reino
Unido
2012
Terror
95
minutos
Dirigido
por: James Watkins.
Escrito
por: Jane Goldman.
Baseado
na obra A Mulher de Preto, de Susan
Hill.
Elenco: Daniel Radcliffe, Ciarán Hinds, Janet McTeer.
Na
minha resenha sobre A Filha do Mal comentei sobre a degradação que o gênero terror vem sofrendo ultimamente.
Depois do subgênero “filmagens encontradas” ressurgir e ganhar de vez espaço no
cinema atual — para bons e péssimos filmes —, parece que o velho terror ficou
esquecido no canto, empoeirando. Nos anos 70 o público ficava noites sem dormir
com O Exorcista, nos anos 80 crianças
morriam de medo da TV por causa de Poltergeist
- O Fenômeno e os anos 90 nos brindou com produções divertidas como a série
Pânico. Agora estamos na segunda
década dos anos 2000 e temos...?
Quando
assisti ao trailer de A Mulher de Preto, confesso que uma pontinha de alegria surgiu em algum lugar. Teriam os sustos e
sugestões no escuro voltado para o cinema e, finalmente, em uma produção mais
elaborada? É, de fato, visível que o filme teve a sorte de cair nas mãos de uma
produtora inglesa que fez sucesso no passado justamente com filmes de terror, a
Hammer. Sorte também por ter sido rodado na Inglaterra, onde o próprio ambiente
e clima são propícios para um filme de terror de época (neblina, chuva, mansões
antigas...).
Com a produção do filme sendo
inglesa, era óbvia a contratação de atores ingleses. A surpresa para alguns e
estranheza de outros foi a escolha de Daniel Radcliffe para a interpretação do
protagonista. Por outro lado, foi a chance do ator desvincular-se de Harry
Potter e, assim, mostrar ao público que pode tranquilamente interpretar outros
papéis (o ator já havia trabalhado em Um
Verão Para Toda a Vida, além de ter feito duas peças grandes, a controversa
Equus e How To Succeed In Business Without Really Trying, na Broadway). Em A
Mulher de Preto, no entanto, Radcliffe se esforça, mas parece que algo ali
não está bem; parece que algo o está travando e não deixando sua interpretação
fluir tranquilamente. Não é algo preocupante, nem alvo de críticas agressivas,
porém.
Em
suma, o longa conta a história de Arthur Kipps, um advogado que é mandado até
uma mansão para resolver sua papelada e, assim, poder ser vendida a alguém. Ao
iniciar suas tarefas, Arthur começa a presenciar aparições de crianças e de uma
mulher vestida de preto. Inicialmente cético, resolve investigar e descobre que
tais aparições estão ligadas às mortes das crianças do vilarejo próximo, que
ocorreram de tempos em tempos e, após ele entrar na casa, voltam a acontecer.
É dentro desses detalhes
que o filme toma forma e ambienta um conto fantasmagórico como há tempos não se
via no cinema; não bem produzido, pelo menos. No começo o público testemunha
apenas sugestões: a Mulher de Preto aparece ao fundo, silenciosamente; com o
desenrolar, essas sugestões começam a tomar formas que permeiam tanto o susto
gratuito (corte rápido para algo aparecendo com instrumental alto e estridente
ou alguém gritando) quanto os mais psicológicos (quem não sente um arrepio com
bonecos-de-corda ou cadeiras de balanço funcionando sozinhas?), tornando a
trama mais atraente para o público que, invariavelmente, está ali para se
assustar.
Um ponto a ser
observado, no entanto: filmes baseados em romances tendem a uma duração maior,
o que não ocorre em A Mulher de Preto; o filme possui uma hora e meia de
projeção e, a partir daí, pode-se constatar duas coisas: 1) não torna-se
cansativo. Se você possui um roteiro recheado de personagens que contam com
histórias extremamente ramificadas e que se relacionam com as de outros
personagens, dá para aproveitá-las sucintamente na adaptação, mas isso
quebraria o ritmo proposto pelo filme de terror. 2) Se a intenção era realmente
essa, não quebrar o ritmo, aumentando a tensão gerada pela presença das
aparições, por que estancá-lo no final? Isso não quer dizer que o filme possui
um final decepcionante (assim como A Filha do Mal), mas poderia ter sido
um pouco mais desdobrado.
Se o gênero terror
passar a ser explorado dessa forma, aproveitando elementos do suspense e
baseando-se em uma produção melhor (e não digo apenas no quesito orçamento,
pois há filmes de baixo investimento com uma qualidade incrível e vice-versa),
há ainda esperanças para aqueles que o aprecia.
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Sobre o autor
Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera
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