2 de março de 2012

Filme: A Mulher de Preto


A Mulher de Preto
The Woman In Black
Reino Unido
2012
Terror
95 minutos

Dirigido por: James Watkins.
Escrito por: Jane Goldman.
Baseado na obra A Mulher de Preto, de Susan Hill.
Elenco: Daniel Radcliffe, Ciarán Hinds, Janet McTeer.        

Na minha resenha sobre A Filha do Mal comentei sobre a degradação que o gênero terror vem sofrendo ultimamente. Depois do subgênero “filmagens encontradas” ressurgir e ganhar de vez espaço no cinema atual — para bons e péssimos filmes —, parece que o velho terror ficou esquecido no canto, empoeirando. Nos anos 70 o público ficava noites sem dormir com O Exorcista, nos anos 80 crianças morriam de medo da TV por causa de Poltergeist - O Fenômeno e os anos 90 nos brindou com produções divertidas como a série Pânico. Agora estamos na segunda década dos anos 2000 e temos...?


Quando assisti ao trailer de A Mulher de Preto, confesso que uma pontinha de alegria surgiu em algum lugar. Teriam os sustos e sugestões no escuro voltado para o cinema e, finalmente, em uma produção mais elaborada? É, de fato, visível que o filme teve a sorte de cair nas mãos de uma produtora inglesa que fez sucesso no passado justamente com filmes de terror, a Hammer. Sorte também por ter sido rodado na Inglaterra, onde o próprio ambiente e clima são propícios para um filme de terror de época (neblina, chuva, mansões antigas...).


Com a produção do filme sendo inglesa, era óbvia a contratação de atores ingleses. A surpresa para alguns e estranheza de outros foi a escolha de Daniel Radcliffe para a interpretação do protagonista. Por outro lado, foi a chance do ator desvincular-se de Harry Potter e, assim, mostrar ao público que pode tranquilamente interpretar outros papéis (o ator já havia trabalhado em Um Verão Para Toda a Vida, além de ter feito duas peças grandes, a controversa Equus e How To Succeed In Business Without Really Trying, na Broadway). Em A Mulher de Preto, no entanto, Radcliffe se esforça, mas parece que algo ali não está bem; parece que algo o está travando e não deixando sua interpretação fluir tranquilamente. Não é algo preocupante, nem alvo de críticas agressivas, porém.


Em suma, o longa conta a história de Arthur Kipps, um advogado que é mandado até uma mansão para resolver sua papelada e, assim, poder ser vendida a alguém. Ao iniciar suas tarefas, Arthur começa a presenciar aparições de crianças e de uma mulher vestida de preto. Inicialmente cético, resolve investigar e descobre que tais aparições estão ligadas às mortes das crianças do vilarejo próximo, que ocorreram de tempos em tempos e, após ele entrar na casa, voltam a acontecer.


É dentro desses detalhes que o filme toma forma e ambienta um conto fantasmagórico como há tempos não se via no cinema; não bem produzido, pelo menos. No começo o público testemunha apenas sugestões: a Mulher de Preto aparece ao fundo, silenciosamente; com o desenrolar, essas sugestões começam a tomar formas que permeiam tanto o susto gratuito (corte rápido para algo aparecendo com instrumental alto e estridente ou alguém gritando) quanto os mais psicológicos (quem não sente um arrepio com bonecos-de-corda ou cadeiras de balanço funcionando sozinhas?), tornando a trama mais atraente para o público que, invariavelmente, está ali para se assustar.


Um ponto a ser observado, no entanto: filmes baseados em romances tendem a uma duração maior, o que não ocorre em A Mulher de Preto; o filme possui uma hora e meia de projeção e, a partir daí, pode-se constatar duas coisas: 1) não torna-se cansativo. Se você possui um roteiro recheado de personagens que contam com histórias extremamente ramificadas e que se relacionam com as de outros personagens, dá para aproveitá-las sucintamente na adaptação, mas isso quebraria o ritmo proposto pelo filme de terror. 2) Se a intenção era realmente essa, não quebrar o ritmo, aumentando a tensão gerada pela presença das aparições, por que estancá-lo no final? Isso não quer dizer que o filme possui um final decepcionante (assim como A Filha do Mal), mas poderia ter sido um pouco mais desdobrado.


Se o gênero terror passar a ser explorado dessa forma, aproveitando elementos do suspense e baseando-se em uma produção melhor (e não digo apenas no quesito orçamento, pois há filmes de baixo investimento com uma qualidade incrível e vice-versa), há ainda esperanças para aqueles que o aprecia.




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Ewerton

Sobre o autor

Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera A Bombonière

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