A
Filha do Mal
The Devil Inside
EUA
2012
2012
87
minutos
Terror
Dirigido
por: William Brent Bell
Escrito por: William Brent Bell e Matthew Peterman
Elenco: Fernanda Andrade, Suzan Crowley, Simon Quarterman, Evan Helmuth.
Escrito por: William Brent Bell e Matthew Peterman
Elenco: Fernanda Andrade, Suzan Crowley, Simon Quarterman, Evan Helmuth.
É
realmente triste e desgastante observar que o gênero terror, nos últimos anos,
está apoiando-se apenas nos gordos lucros provenientes das vindouras
bilheterias. De uns tempos para cá, o subgênero “filmagens encontradas”
ressurgiu repentinamente e vários títulos começaram a ser lançados, sendo
produzidos com baixos orçamentos e atingindo recordes em suas respectivas
estreias.
A Filha do Mal custou um pouco menos de US$1
milhão para os cofres do estúdio que aprovou a produção dessa inescrupulosa
perda de tempo. Porém, em seu primeiro fim de semana, o filme arrecadou mais de
US$33 milhões, apenas nos Estados Unidos. Resultado: independente de sua
qualidade, desenvolvimento e trama, o falso documentário fez sucesso nas
bilheterias e proporcionou um inchado lucro para o estúdio e seus realizadores.
O real problema, no entanto, é o arrombo que está causando nos bolsos do
público.
O
filme, se me permite classificá-lo dessa forma, conta a busca de uma jovem,
Isabella (interpretada pela brasileira Fernanda Andrade — e não, o fato dela
ser brasileira não muda em nada a qualidade do filme, nem pra pior, nem pra
melhor), por respostas em relação à doença de sua mãe, Maria, que após passar
por um suposto exorcismo, assassinou três pessoas e foi transferida para um
hospital psiquiátrico localizado em Roma. Na cola dela está Michael, um jovem
diretor que é contratado pela própria Isabella para documentar toda a
investigação que ela resolve fazer.
Em
Roma, ambos conhecem dois padres que realizam exorcismos sem a permissão da
Igreja Católica, pois a instituição possui uma série de burocracias que
impedem, em muitos casos, a realização do ritual. A partir daí, os padres
decidem ajudar Isabella ao fazerem uma consulta em sua mãe, na procura por
respostas para as dúvidas da jovem, que deseja a cura de Maria. Então é dada a
largada para padre voando, mulher endemoniada berrando maldições contra a
própria filha e um documentarista assustado com tudo o que está filmando.
A
real questão de A Filha do Mal não é
a sua história. De certa forma, a proposta possui pontos interessantes: a
crítica dirigida à Igreja através das revelações dos padres exorcistas,
demonstrando que, mesmo após muitas coisas virem ao público, a instituição não
muda (e, se muda, demora para fazê-lo) suas diretrizes, mantendo-se engessada
em muitos pontos e, consequentemente, entrando em contradições políticas,
culturais e ideológicas; a dúvida proveniente da doença de Maria: seria
realmente uma doença mental, um demônio, vários demônios ou uma mistura de
tudo? — entre outras; a real questão do filme é o modo como ele foi realizado.
Convenhamos:
escrever, filmar, montar, enfim, realizar um filme que imita a estética caseira
não é difícil. O difícil, o desafio principal, é saber chamar a atenção do seu
público-alvo e mantê-la até o final. A
Filha do Mal, no entanto, acertou e errou nesse quesito. Acertou porque o
marketing é bom: assista o trailer e imediatamente sua curiosidade é aguçada (o
filme é bom?, o filme é ruim?), errou porque a película, como um todo, não
consegue carregar a responsabilidade que gerou ao chamar a atenção do público.
Portanto,
a curiosidade que surgiu ao assistir um simples trailer bem realizado, bem
montado, torna-se uma gigantesca decepção com o desenvolvimento e,
principalmente, com a conclusão do filme. A impressão que se tem, ao final da
projeção, é a de que os roteiristas se reuniram um dia, tiveram a ideia, a
desenvolveram pela metade (ou nem isso, ¼, melhor dizendo), e, ao constatarem
que não havia por onde seguir, cortaram ali mesmo e deram por realizado.
Diferentemente
do espanhol [REC], por exemplo, que
cria uma proposta também interessante e a deixa mais criativa e bem
desenvolvida até o final, A Filha do Mal
termina da forma mais idiota e decepcionante que eu já vi em toda a história do
cinema. Não é gratuitamente que a distribuidora não exibiu o filme para a
imprensa, antes da estreia; afinal, é melhor manter apenas a curiosidade do
público do que enxurradas de críticas bem mal educadas surgirem nas mídias e
provar, de uma vez só, que de assustador, revelador e divertido, o filme não
tem nada, absolutamente nada.
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Sobre o autor
Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera
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