Gone
With The Wind
EUA
1939
Drama
233
minutos
Dirigido
por: Victor Fleming.
Escrito
por: Sidney Howard.
Baseado
na obra ...E o Vento Levou, de Margaret
Mitchell.
Elenco: Vivien Leigh, Clark Gable, Olivia de
Havilland, Leslie Howard.
Na
noite de 9 de setembro de 1939, o gerente do cinema Fox, em Riverside, Estados
Unidos, interrompeu a sessão de um filme para informar o público uma mudança na
programação. Para quem desejasse ficar na sala, teria a oportunidade de ver um filme
ainda não lançado. Todos teriam direito a um telefonema, para avisar seus familiares
que iriam se atrasar, afinal o filme tinha uma longa duração. A sessão durou
quatro horas e vinte e cinco minutos. Ao sair do cinema, o público sentia-se
maravilhado. Era a primeira sessão teste, antes do lançamento, de ...E o Vento Levou.
O
filme é um dos grandes clássicos de todos os tempos do cinema, permanece vivo
na memória de público e crítica e era mais um caso onde ninguém acreditava em
sua adaptação para a sétima arte. O livro de Margaret Mitchell, um tijolo de
1037 páginas, tornou-se um enorme sucesso editorial em pouquíssimo tempo,
transformando-se no livro mais vendido e favorito dos americanos, na época.
Seria, no mínimo, trabalhoso adaptar uma história extensa para um filme que não
desse muitos gastos e não ficasse tão longo.
A
verdade é que ...E o Vento Levou deu
muitos gastos. Não só financeiros, como desgastou a saúde do produtor David O.
Selznick, do roteirista Sidney Howard e do diretor Victor Fleming (que não
dirigiu-o sozinho, mas foi o único creditado). Entre várias noites em claro
(com direito a muito medicamento receitado pelo médico da equipe de filmagem),
os realizadores lutavam contra o tempo, a falta de recurso e, muitas vezes, a
falta de roteiro e de atores. Quando assistimos a um filme tão deslumbrante e
tão impecável, não podemos imaginar nas inúmeras dificuldades enfrentadas por
todos no momento de pré, produção e pós-produção.
Outra
verdade é que o filme não ficou curto: são três horas e cinquenta e três
minutos de projeção, algo muito incomum e raro de se ver. Não é para menos,
afinal o gigantesco romance de Mitchell foi adaptado em um roteiro de
quatrocentas páginas, que, em tese, dá mais de cinco horas de filme. Selznick,
juntamente com a ajuda de outros roteiristas, perdeu mais noites de sono
cortando diálogos que não tinham tanta importância e priorizando as principais
sequências do livro e alocando-as no script.
...E o Vento
Levou,
resumidamente (e muito, diga-se de passagem), conta a história de Scarlett O’Hara,
filha de fazendeiros e irmã de moças mimadas, assim como também é. Apesar de
mimada, é dona de uma forte personalidade que demonstra desde adolescente. Ela
é apaixonada pelo vizinho, Ashley Wilkes, que vai se casar com uma prima sua,
Melanie. Sua decepção e sua frustração são grandes ao descobrir que não há
chances para ganhar a atenção e o amor do amado, fazendo-a tomar decisões impensadas
e impulsivas. Até ela conhecer Rhett Butler.
Apesar
de todos os figurinos deslumbrantes, cenários colossais e uma fotografia
maravilhosa (o Technicolor ajuda, e muito), o filme é sustentado, em sua grande
parte, pelas competentes atuações dos atores principais.
Vivien
Leigh, na época, foi um achado. Ela é o brinco do filme: apresenta uma Scarlett
forte, com grande presença, que não se deixa abater por situações, dificuldades
ou homens. Mas, ao mesmo tempo, é frágil; frágil ao lembrar que o seu
verdadeiro amor não é e nunca será correspondido, tornando-a uma das melhores
personagens já criadas (um ponto a mais para a atriz, que precisava suportar o
mau hálito de Clark Gable, causado por sua dentadura — tudo pelo considerado
mais belo sorriso de Hollywood, na época). Falando nele, Clark Gable foi,
claro, a estrela do filme. Depois de negociações, o produtor Selznick conseguiu
contratá-lo para viver Rhett Butler; o ator, no entanto, não desejava
interpretá-lo, pois temia uma rejeição grande do público leitor da obra de
Margaret Mitchell. Porém, sua presença em cena é mais que satisfatória: mostra
um verdadeiro gentleman, mas que fala duramente a verdade quando é preciso.
Quanto
ao outro casal, Ashley e Melanie, interpretado por Leslie Howard e Olivia de
Havilland, respectivamente, há uma diferença: se a intenção era mostrar Ashley
da forma mais patética possível, Howard está de parabéns, a personagem é a
única covarde de toda a história. Já Havilland demonstra fragilidade natural e
delicadeza materna ao interpretar Melanie, aquela que se importa com todos,
menos consigo mesma, prova disso é a sua constante negligência em relação ao
sentimento que Scarlett nutre por seu marido.
Falar
de ...E o Vento Levou pode durar
horas e horas, linhas e mais linhas, assim como o livro demonstrou e como seu
roteiro cinematográfico adaptou e resumiu, mas sem tirar a essência da história
desenvolvida maestralmente por Margaret Mitchell.
Por
curiosidade, alguns números: o filme custou US$4,25 milhões, mais US$1,55
milhão apenas com publicidade e cópias para os cinemas; foram 30 horas de
películas rodadas em 90 estúdios; 2400 figurantes utilizados e mais de 50
personagens com vários diálogos durante o filme.
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Sobre o autor
Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera
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