17 de fevereiro de 2012

Filme: A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1



A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1
The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 1
EUA
2011
117 minutos
Romance

Dirigido por: Bill Condon
Escrito por: Melissa Rosenberg
Baseado na obra Amanhecer, de Stephenie Meyer
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner.

Em 2 de junho de 2003, Stephenie Meyer, dona de casa e mãe de três filhos, acordou de um sonho bem claro. Ao invés de levantar-se da cama e iniciar suas tarefas caseiras, Meyer seguiu direto para o teclado do computador e iniciou os primeiros esboços das personagens que povoaram seu estranho sonho. Naquele mesmo dia, durantes seus afazeres dentro e fora de casa, Stephenie Meyer organizou toda a sinopse e, ao final do dia, quando sua casa estava tranquila e em silêncio, começou a escrever o que viria ser um novo fenômeno literário e, posteriormente, cinematográfico no mundo todo.

Apenas três meses depois, Crepúsculo estava pronto. O manuscrito fora enviado a algumas agências literárias com o incentivo de sua irmã, a única pessoa que sabia da existência do livro fora ela mesma. Depois de algum tempo, a editora Little, Brown and Company comprou o manuscrito de Meyer e o publicou. Em 2005, Crepúsculo estreiou em quinto lugar na lista dos mais lidos do jornal The New York Times e foi cansativamente comentado e discutido em programas televisivos, jornais, revistas e websites. Como dinheiro e sucesso é bom e todo mundo gosta, Meyer não demorou a escrever as sequências. Lua Nova foi lançado em setembro de 2006 e ficou 25 semanas em primeiro lugar nos mais lidos; Eclipse chegou ao mercado em 2007 consolidando mais a série e, em agosto de 2008, Amanhecer, o último livro da saga estourou em todo o mundo, contando com lançamentos à meia-noite, com direito a filas quilométricas de fãs esperando pela conclusão da história chegar às suas mãos.


Pois bem. Gostando ou não, A Saga Crepúsculo é um sucesso inegável. Tanto nos livros, quanto em suas respectivas adaptações para o cinema, a história diferenciada dos vampiros criadas pela americana Stephenie Meyer chegou e tomou conta do mundo pop. Como todo sucesso mundial estrondoso, a quadrilogia gerou hordas de fãs alucinados, apreciadores moderados, pessoas indiferentes e, por fim, aquelas que não suportam ouvir falar sobre.


Em 2008, o primeiro filme, baseado obviamente no primeiro livro, chegou aos cinemas. Apresentava o que era necessário apresentar: Bella, uma adolescente, muda para a cidade chuvosa e monótona onde o pai, policial, mora. Lá, excluída por ser novata, conhece Edward, um rapaz que atrai a atenção de todos, principalmente das garotas. É aí que os fatos começam a dar as caras: Bella se apaixona por Edward instantaneamente e vice-versa. Ela descobre que ele é um vampiro, mas que não se alimenta de humanos. Pronto, esse é o argumento principal.


O interessante a ser observado é que tanto Lua Nova, quanto Eclipse, são capítulos criados para tomar tempo. É verdade que ambos apresentam mais personagens, crescendo tanto a população da saga quanto sua mitologia, repetindo algo já conhecido no cinema: Matrix, por exemplo, fecha quase totalmente seu enredo no primeiro filme, deixando apenas algumas pontas soltas (como a existência da última cidade humana, Zion, apenas citada nesse filme e mais explorada no segundo e terceiro), acrescentando personagens e situações nos outros dois filmes. Então, para gerar mais lucros e satisfazer a nunca satisfeita vontade dos fãs, é preciso um pouco mais de paciência e criatividade. Como Meyer dispunha dos dois, gerou mais três livros depois de Crepúsculo e fez os fãs se esbaldarem no eterno drama de Bella.


Em Amanhecer, o assunto principal é o casamento de Edward e Bella. Seria algo simples e passageiro se este não incluísse a lua de mel e, consequentemente, os dilemas que passam a surgir na mente de Edward. É nessa altura do campeonato que ele decide contar a Bella que, antes de conhecer sua família atual (que opta por uma dieta que não inclui humanos), era um vampiro à moda antiga, daqueles que estamos acostumados a conhecer. No entanto, agora que está apaixonado e, ainda mais, casado com ela, teme ferí-la de alguma forma na consumação do casamento.


Para os céticos e impacientes de plantão, Amanhecer pode ser a tortura do ano. Lento, quase sem nenhuma ação, o filme segue o ritmo proposto pela autora, que é focar o drama quase existencial de Edward e, por conseguinte, o sofrimento de Bella, que deseja um casamento feliz e frutífero ao lado do esposo, o que ela passa a perceber que não será possível. Quando algo começa a se encaixar (Edward finalmente decide praticar algo com ela), Bella descobre-se grávida. Aí as coisas começam a ficar interessantes. Grávida de quê, afinal?, se me permitem questionar. Ele, um vampiro, ela, uma humana. E agora, Stephenie Meyer?


O interessante dessa parte quase-final da saga (ainda haverá a derradeira parte 2) toca dois pontos: a direção e o roteiro. Diferentemente dos outros filmes, Bill Condon dá um tom mais poético para a trama, tanto nos momentos açucarados (a lua de mel do casal), quanto nos momentos mais, digamos, explícitos (a consumação do casamento), sem deixá-los insossos (sem sal no contexto da história, enfatizo claramente isso). Uma enxurrada de críticas podem ser lidas na Internet quanto ao eufemismo empregado em todas as cenas que poderiam conter mais sangue, mais violência. Mas estamos falando sobre uma saga criada para abarcar adolescentes que desejam algo que discuta questionamentos da vida de uma forma mais pura, mais doce, mais suave; qual seria o sentido de incluir violência apenas para mudar o tom de algo já imposto pelas linhas da autora desde o primeiro livro?


O roteiro, então, deveria seguir todo esse ambiente existente no livro. Além de cumprir esse quesito, a roteirista Melissa Rosenberg faz algo que Steve Kloves nunca fez nos filmes Harry Potter: deu um início, um meio e um fim viáveis para qualquer espectador que deseja conferir o filme. Eu, particularmente, não li o livro e entendi perfeitamente os detalhes da trama (mesmo que a explicação sobre os imprintings dos lobos fora algo didático demais); entendi a ponto de refletir “por que a saga não poderia pular de Crepúsculo para Amanhecer?”.

E, depois de pensar em vários pontos positivos e negativos de toda essa história criada por Meyer, destaco algo pertinente: Parte 2 de Amanhecer, afinal, para quê? O arco da personagem Bella fechou-se ao final deste filme (comentando ou não, isso é sugestivamente óbvio para qualquer um, por isso não considero a ideia um spoiler). É claro que, como comentei anteriormente, os lucros são visados tanto pela autora, quanto pelo estúdio que, pegando carona na ideia da Warner para o capítulo final de Harry Potter, decidiu dividir o último livro em dois filmes; mas, convenhamos, com um roteiro até enxuto, uma direção um pouco melhor em relação às anteriores e um final legalzinho (a maquiagem utilizada em Bella e os momentos onde a câmera adentra seu corpo caiu muito bem à sequência), não é realmente necessária uma segunda parte. Porém vá lá, Stephenie Meyer precisa concluir no cinema o que concluiu nos livros, encantar mais os fãs e ganhar um troquinho a mais. Entre tanta porcaria produzida no cinema atual, A Saga Crepúsculo é a que menos me preocupa, principalmente depois de uma melhora nesse último longa lançado.

*

Nota: para quem desejar assistir a uma (dispensável) cena adicional, espere até os créditos finais principais terminarem.




 -
O conteúdo deste post é protegido. 
Caso queira reproduzir alguma parte, favor consultar as políticas do blog. 

Ewerton

Sobre o autor

Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera A Bombonière

Related Posts with Thumbnails