A
Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1
The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 1
EUA
2011
2011
117
minutos
Romance
Dirigido
por: Bill Condon
Escrito por: Melissa Rosenberg
Baseado
na obra Amanhecer, de Stephenie Meyer
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor
Lautner.
Em
2 de junho de 2003, Stephenie Meyer, dona de casa e mãe de três filhos, acordou
de um sonho bem claro. Ao invés de levantar-se da cama e iniciar suas tarefas
caseiras, Meyer seguiu direto para o teclado do computador e iniciou os primeiros
esboços das personagens que povoaram seu estranho sonho. Naquele mesmo dia,
durantes seus afazeres dentro e fora de casa, Stephenie Meyer organizou toda a
sinopse e, ao final do dia, quando sua casa estava tranquila e em silêncio,
começou a escrever o que viria ser um novo fenômeno literário e,
posteriormente, cinematográfico no mundo todo.
Apenas
três meses depois, Crepúsculo estava
pronto. O manuscrito fora enviado a algumas agências literárias com o incentivo
de sua irmã, a única pessoa que sabia da existência do livro fora ela mesma.
Depois de algum tempo, a editora Little, Brown and Company comprou o manuscrito
de Meyer e o publicou. Em 2005, Crepúsculo
estreiou em quinto lugar na lista dos mais lidos do jornal The New York Times e foi cansativamente comentado e discutido em
programas televisivos, jornais, revistas e websites. Como dinheiro e sucesso é
bom e todo mundo gosta, Meyer não demorou a escrever as sequências. Lua Nova foi lançado em setembro de 2006
e ficou 25 semanas em primeiro lugar nos mais lidos; Eclipse chegou ao mercado em 2007 consolidando mais a série e, em
agosto de 2008, Amanhecer, o último
livro da saga estourou em todo o mundo, contando com lançamentos à meia-noite,
com direito a filas quilométricas de fãs esperando pela conclusão da história
chegar às suas mãos.
Pois
bem. Gostando ou não, A Saga Crepúsculo
é um sucesso inegável. Tanto nos livros, quanto em suas respectivas adaptações
para o cinema, a história diferenciada dos vampiros criadas pela americana
Stephenie Meyer chegou e tomou conta do mundo pop. Como todo sucesso mundial
estrondoso, a quadrilogia gerou hordas de fãs alucinados, apreciadores
moderados, pessoas indiferentes e, por fim, aquelas que não suportam ouvir
falar sobre.
Em
2008, o primeiro filme, baseado obviamente no primeiro livro, chegou aos
cinemas. Apresentava o que era necessário apresentar: Bella, uma adolescente,
muda para a cidade chuvosa e monótona onde o pai, policial, mora. Lá, excluída
por ser novata, conhece Edward, um rapaz que atrai a atenção de todos,
principalmente das garotas. É aí que os fatos começam a dar as caras: Bella se
apaixona por Edward instantaneamente e vice-versa. Ela descobre que ele é um
vampiro, mas que não se alimenta de humanos. Pronto, esse é o argumento
principal.
O
interessante a ser observado é que tanto Lua
Nova, quanto Eclipse, são
capítulos criados para tomar tempo. É verdade que ambos apresentam mais
personagens, crescendo tanto a população da saga quanto sua mitologia,
repetindo algo já conhecido no cinema: Matrix,
por exemplo, fecha quase totalmente seu enredo no primeiro filme, deixando
apenas algumas pontas soltas (como a existência da última cidade humana, Zion,
apenas citada nesse filme e mais explorada no segundo e terceiro),
acrescentando personagens e situações nos outros dois filmes. Então, para gerar
mais lucros e satisfazer a nunca satisfeita vontade dos fãs, é preciso um pouco
mais de paciência e criatividade. Como Meyer dispunha dos dois, gerou mais três
livros depois de Crepúsculo e fez os
fãs se esbaldarem no eterno drama de Bella.
Em
Amanhecer, o assunto principal é o
casamento de Edward e Bella. Seria algo simples e passageiro se este não
incluísse a lua de mel e, consequentemente, os dilemas que passam a surgir na
mente de Edward. É nessa altura do campeonato que ele decide contar a Bella
que, antes de conhecer sua família atual (que opta por uma dieta que não inclui
humanos), era um vampiro à moda antiga, daqueles que estamos acostumados a
conhecer. No entanto, agora que está apaixonado e, ainda mais, casado com ela,
teme ferí-la de alguma forma na consumação do casamento.
Para
os céticos e impacientes de plantão, Amanhecer
pode ser a tortura do ano. Lento, quase sem nenhuma ação, o filme segue o ritmo
proposto pela autora, que é focar o drama quase existencial de Edward e, por
conseguinte, o sofrimento de Bella, que deseja um casamento feliz e frutífero
ao lado do esposo, o que ela passa a perceber que não será possível. Quando
algo começa a se encaixar (Edward finalmente decide praticar algo com ela),
Bella descobre-se grávida. Aí as coisas começam a ficar interessantes. Grávida
de quê, afinal?, se me permitem questionar. Ele, um vampiro, ela, uma humana. E
agora, Stephenie Meyer?
O
interessante dessa parte quase-final da saga (ainda haverá a derradeira parte
2) toca dois pontos: a direção e o roteiro. Diferentemente dos outros filmes,
Bill Condon dá um tom mais poético para a trama, tanto nos momentos açucarados
(a lua de mel do casal), quanto nos momentos mais, digamos, explícitos (a
consumação do casamento), sem deixá-los insossos (sem sal no contexto da
história, enfatizo claramente isso). Uma enxurrada de críticas podem ser lidas
na Internet quanto ao eufemismo empregado em todas as cenas que poderiam conter
mais sangue, mais violência. Mas estamos falando sobre uma saga criada para
abarcar adolescentes que desejam algo que discuta questionamentos da vida de
uma forma mais pura, mais doce, mais suave; qual seria o sentido de incluir
violência apenas para mudar o tom de algo já imposto pelas linhas da autora
desde o primeiro livro?
O
roteiro, então, deveria seguir todo esse ambiente existente no livro. Além de
cumprir esse quesito, a roteirista Melissa Rosenberg faz algo que Steve Kloves
nunca fez nos filmes Harry Potter:
deu um início, um meio e um fim viáveis para qualquer espectador que deseja
conferir o filme. Eu, particularmente, não li o livro e entendi perfeitamente
os detalhes da trama (mesmo que a explicação sobre os imprintings dos lobos
fora algo didático demais); entendi a ponto de refletir “por que a saga não
poderia pular de Crepúsculo para Amanhecer?”.
E,
depois de pensar em vários pontos positivos e negativos de toda essa história
criada por Meyer, destaco algo pertinente: Parte 2 de Amanhecer, afinal, para quê? O arco da personagem Bella fechou-se
ao final deste filme (comentando ou não, isso é sugestivamente óbvio para
qualquer um, por isso não considero a ideia um spoiler). É claro que, como
comentei anteriormente, os lucros são visados tanto pela autora, quanto pelo
estúdio que, pegando carona na ideia da Warner para o capítulo final de Harry Potter, decidiu dividir o último
livro em dois filmes; mas, convenhamos, com um roteiro até enxuto, uma direção
um pouco melhor em relação às anteriores e um final legalzinho (a maquiagem
utilizada em Bella e os momentos onde a câmera adentra seu corpo caiu muito bem
à sequência), não é realmente necessária uma segunda parte. Porém vá lá,
Stephenie Meyer precisa concluir no cinema o que concluiu nos livros, encantar
mais os fãs e ganhar um troquinho a mais. Entre tanta porcaria produzida no
cinema atual, A Saga Crepúsculo é a
que menos me preocupa, principalmente depois de uma melhora nesse último
longa lançado.
*
Nota:
para quem desejar assistir a uma (dispensável) cena adicional, espere até os
créditos finais principais terminarem.
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Sobre o autor
Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera
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