Super 8
Super 8
EUA
2011
Aventura / Ficção Científica
112 minutos
Dirigido e escrito por: J. J. Abrams
Elenco: Joel Courtney, Elle Fanning, Riley Griffiths, Kyle Chandler.
Foi no final dos anos 70, mais
precisamente em 1977, que o diretor Steven Spielberg lançou seu cultuado Contatos Imediatos de Terceiro Grau. A
busca por respostas às estranhas luzes que pairavam sobre uma colina atormentou
a vida das personagens e os efeitos especiais presentes na película embasbacaram
o público. Já em 1982 o cineasta lançou E.T.
- O Extraterrestre, com a mesma temática de vida inteligente fora de nosso
planeta. O filme marcou a infância de gerações, tanto na época em que fora
lançado, quanto nos dias atuais.
A partir dessa premissa, o diretor e
roteirista J. J. Abrams, criador de inúmeras séries televisivas de grande
sucesso (como Felicity, Lost e Fringe) e diretor dos longas Missão:
Impossível III e Star Trek,
resolveu revisitar a infância de inúmeras pessoas e escrever o roteiro de um
filme ambientado nos anos 80, com direito a um grupo de nerds correndo de um
lado para o outro, mistérios envolvendo o exército americano e um professor de
Biologia atormentado.
Super
8, primeiramente, foi alcançando um certo status na Internet a partir de
simples divulgações. Assim como no filme Cloverfield
- Monstro (produzido por J. J. Abrams), que possuiu um marketing viral
(propagandas disfarçadas para chamar a atenção do público), o último projeto
lançado de Abrams mexeu com o mundo pop quando apenas foi lançado uma imagem
promocional, mostrando uma câmera Super 8 com a lente quebrada e o nome de
Steven Spielberg estampado, com letras garrafais, como produtor do filme.
Foi daí que os burburinhos começaram:
especulações pipocaram entre blogs, sites sobre filmes e outros; o que um dos
criadores e produtores de Lost
estaria preparando, em parceria com Spielberg? Entre hipóteses e apostas, de um
lado, muitas pessoas esperavam um grande sucesso; de outro, um grande fracasso,
afinal, muitos projetos super-valorizados antecipadamente podem mostrar-se
verdadeiras bombas de crítica e público.
No entanto, Super 8 surpreende não pelo roteiro em si, mas por toda a execução
empenhada na película. A história é um verdadeiro pistache oitentista: militares
deslocam uma carga top secret dentro
de um trem quando uma camionete entra nos trilhos e bate contra o pesado
veículo, causando um estrondoso acidente e libertando seja lá o que continha de um dos vagões. No meio da loucura toda, acompanha-se a rotina de Joe,
garoto que, durante as férias de verão, ajuda o amigo a concluir um filme
amador sobre zumbis, todo filmado nas antigas câmeras portáteis de Super 8
(dando nome à película).
O interessante do filme é observar a
mistura existente em muitos aspectos, como o encontro de gerações: tem-se os
garotos de Super 8 querem criar um
filme trash de zumbis, utilizando efeitos especiais e maquiagens extremamente
caseiras, assim como o modo de filmar, a edição etc.; e nós, o público presente
do século XXI, acostumados a ver filmes cada vez mais realistas com a ajuda da
computação gráfica e, atualmente, a presença da tecnologia de captura de
movimentos (onde um ator é submetido a vários pontos eletrônicos dispostos por
seu corpo para servir de modelo vivo a um futuro personagem gerado pela computação
gráfica, assim como foi feito em O Senhor
dos Anéis com a personagem Sméagol e, mais tarde, na refilmagem de King Kong, com o gigante gorila), sem
contar a ressurreição do 3D.
J. J. Abrams surpreende na direção
dessa miscelânea de elementos. É possível ver sua mão presente na atuação
aprimorada das crianças, que passam uma verdadeira sensação de que todos ali se
conhecem desde o jardim de infância; os efeitos especiais, como esperado, estão
barbaramente bem feitos (a cena do descarrilhamento do trem mistura,
equilibradamente, computação gráfica, tela-verde e explosões de verdade de uma
maneira que só um legítimo blockbuster hollywoodiano pode fazer).
Da mesma maneira, pode-se notar a
presença de Spielberg na produção. As cenas de ação, o suspense seguido de
ruído alto e estrondoso para fazer o espectador pular na cadeira, o humor
presente na maioria das cenas para o alívio de tensão e até as posições de
câmera lembram obras do diretor.
Super
8, em suma, é um filme divertido. Sua história tenta compilar várias tramas
e, do mesmo modo, dar um fim para cada uma. De certa forma, consegue. Mas
também, de certa forma, fica aquela sensação de que houve inúmeras sequências
de cenas bem produzidas mas, no final, o roteiro ficou um pouco de lado. Nada
preocupante, porém.
J. J. Abrams conduz com maestria (a
ideia de, no início, não mostrar a criatura que escapa do trem, escondendo-a
através de objetos presentes em primeiro plano nas cenas é uma das boas
sacadas), como soube fazer muito bem em Lost,
por exemplo, o longa e apresenta uma bela homenagem, tanto visual, quanto
ideologicamente, aos filmes spielberguianos dos anos 70, 80.
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Sobre o autor
Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera
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