Drive
EUA
2011
Ação
100
minutos
Dirigido
por: Nicolas Winding Refn.
Escrito
por: Hossein Amini.
Baseado
na obra Drive, de James Sallis.
Elenco:
Ryan Gosling, Carey Mulligan, Albert Brooks, Ron Perlman.
Filmes
de ação são comumente conhecidos como aqueles que carregam cenas de pirotecnias
e efeitos especiais deslumbrantes, além de sequências de cair o queixo,
envolvendo muitos elementos ao mesmo tempo. É o caso, por exemplo, da cena na
auto-estrada em Matrix Reloaded, de
2003: vemos um agrupamento de acontecimentos aparentemente impossíveis de
filmar, ficamos tensos com toda a duração da sequência, nos divertimos com as
explosões e câmeras lentas. Há também filmes de ação que não mostram um pingo
de seriedade em relação ao roteiro, limitando-se a tiros e matanças
simplesmente pelo fetiche de ver sangue jorrando e cabeças rolando.
Drive, no entanto, elevou-se dentro
do mundo cinematográfico ao ganhar status no Festival de Cannes do ano passado.
O diretor, o dinamarquês Nicolas Winding Refn, ganhou o prêmio de Melhor
Direção, chamando mais atenção para o que seria mais um típico filme de ação. A
película, porém, ganha pontos ao demonstrar um tratamento mais refinado e
estilístico no quesito roteiro, além de criar toda uma imagem para o herói da
história, interpretado por Ryan Gosling.
O
ator interpreta um homem que de dia trabalha em uma oficina mecânica e de dublê
em filmes hollywoodianos de ação. À noite, porém, serve de piloto de fuga para
criminosos, mantendo uma rotina de apenas ficar em contato com os ladrões
durante o ato, prestando os seus serviços por cinco minutos durante o crime e
dirigindo — até os contratantes estiverem livres da polícia —, nada mais.
Ele
mantém uma vida solitária, morando em um apartamento pequeno e, à noite,
dirigindo pelas ruas da cidade; fala muito pouco, mas em alguns momentos
responde muitas coisas apenas com um olhar. Um dia ajuda Irene, sua vizinha,
uma mocinha que mora apenas com o filho, a voltar para casa após seu carro
quebrar. É a partir daí que passa a se relacionar mais tanto com ela, quanto
com o garoto, criando uma amizade e sentindo uma atração silenciosa, mas
profunda, pela vizinha. Após os laços entre os dois estarem bem estreitados, o
marido de Irene é liberado da prisão e volta a viver com ela, tornando-se
também um vizinho. Após desentendimentos com pessoas ligadas a criminosos, o
marido de Irene é ameaçado, colocando em risco a vida de sua mulher e de seu
filho; é aí que a personagem de Ryan Gosling decide deixar sua rotina de lado e
resolve ajudar o novo vizinho. O plano, entretanto, não é bem sucedido; chega a
hora de levá-lo às últimas consequências.
Refn
conduz a história de forma a amarrar o espectador à figura do motorista
justiceiro. De homem solitário, ele se torna o único capaz de manejar todas as
pontas soltas das pessoas envolvidas na trama de dívidas e mortes a serem cobradas.
A câmera o acompanha por todos os estágios que precisa passar, registrando sua
transformação: de simples empregado à criminoso por ajudar outro criminoso, o
driver sente-se obrigado a cobrar e pagar dívidas, não só para salvar sua pele,
mas principalmente para salvar a pele de Irene, que despertou sua atenção e
atou seus sentimentos.
Drive pode ser considerado um típico
filme de ação diferenciado por sua violência estética. Ela está presente não
para chocar a audiência, mas por ser um elemento necessário e transgressor em
certas cenas: para fazer justiça, é necessário derramar alguns litros de
sangue. A câmera lenta ajuda a posicionar a violência nesse patamar, junto com
a ausência de som ou, em algumas sequências, com apenas um instrumental,
aumentando a tensão do espectador.
É
compreensível a escolha do Festival de Cannes ao premiar Refn como melhor
diretor: ele cria uma figura de herói em Ryan Gosling ao filmá-lo em close, com
raios de sol ao fundo, ou na sua imagem simultânea com a cidade, situando o
ambiente da personagem e também do filme em si.
Drive é um filme merecedor de
público. Da mesma forma que é possível se divertir com explosões e destruições
em massa em Transformers, por
exemplo, também é nesse filme; não só possível, mas recompensador: tem-se ali
presentes as cenas de ação, os diálogos impactantes e, principalmente, um
roteiro coerente, transparente e plausível. Nada mais justo apreciá-lo.
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Sobre o autor
Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera
A Bombonière