20 de janeiro de 2012

Filme: Drive




Drive
Drive
EUA
2011
Ação
100 minutos

Dirigido por: Nicolas Winding Refn.
Escrito por: Hossein Amini.
Baseado na obra Drive, de James Sallis.
Elenco: Ryan Gosling, Carey Mulligan, Albert Brooks, Ron Perlman.  


Filmes de ação são comumente conhecidos como aqueles que carregam cenas de pirotecnias e efeitos especiais deslumbrantes, além de sequências de cair o queixo, envolvendo muitos elementos ao mesmo tempo. É o caso, por exemplo, da cena na auto-estrada em Matrix Reloaded, de 2003: vemos um agrupamento de acontecimentos aparentemente impossíveis de filmar, ficamos tensos com toda a duração da sequência, nos divertimos com as explosões e câmeras lentas. Há também filmes de ação que não mostram um pingo de seriedade em relação ao roteiro, limitando-se a tiros e matanças simplesmente pelo fetiche de ver sangue jorrando e cabeças rolando.


Drive, no entanto, elevou-se dentro do mundo cinematográfico ao ganhar status no Festival de Cannes do ano passado. O diretor, o dinamarquês Nicolas Winding Refn, ganhou o prêmio de Melhor Direção, chamando mais atenção para o que seria mais um típico filme de ação. A película, porém, ganha pontos ao demonstrar um tratamento mais refinado e estilístico no quesito roteiro, além de criar toda uma imagem para o herói da história, interpretado por Ryan Gosling.


O ator interpreta um homem que de dia trabalha em uma oficina mecânica e de dublê em filmes hollywoodianos de ação. À noite, porém, serve de piloto de fuga para criminosos, mantendo uma rotina de apenas ficar em contato com os ladrões durante o ato, prestando os seus serviços por cinco minutos durante o crime e dirigindo — até os contratantes estiverem livres da polícia —, nada mais.


Ele mantém uma vida solitária, morando em um apartamento pequeno e, à noite, dirigindo pelas ruas da cidade; fala muito pouco, mas em alguns momentos responde muitas coisas apenas com um olhar. Um dia ajuda Irene, sua vizinha, uma mocinha que mora apenas com o filho, a voltar para casa após seu carro quebrar. É a partir daí que passa a se relacionar mais tanto com ela, quanto com o garoto, criando uma amizade e sentindo uma atração silenciosa, mas profunda, pela vizinha. Após os laços entre os dois estarem bem estreitados, o marido de Irene é liberado da prisão e volta a viver com ela, tornando-se também um vizinho. Após desentendimentos com pessoas ligadas a criminosos, o marido de Irene é ameaçado, colocando em risco a vida de sua mulher e de seu filho; é aí que a personagem de Ryan Gosling decide deixar sua rotina de lado e resolve ajudar o novo vizinho. O plano, entretanto, não é bem sucedido; chega a hora de levá-lo às últimas consequências.


Refn conduz a história de forma a amarrar o espectador à figura do motorista justiceiro. De homem solitário, ele se torna o único capaz de manejar todas as pontas soltas das pessoas envolvidas na trama de dívidas e mortes a serem cobradas. A câmera o acompanha por todos os estágios que precisa passar, registrando sua transformação: de simples empregado à criminoso por ajudar outro criminoso, o driver sente-se obrigado a cobrar e pagar dívidas, não só para salvar sua pele, mas principalmente para salvar a pele de Irene, que despertou sua atenção e atou seus sentimentos.


Drive pode ser considerado um típico filme de ação diferenciado por sua violência estética. Ela está presente não para chocar a audiência, mas por ser um elemento necessário e transgressor em certas cenas: para fazer justiça, é necessário derramar alguns litros de sangue. A câmera lenta ajuda a posicionar a violência nesse patamar, junto com a ausência de som ou, em algumas sequências, com apenas um instrumental, aumentando a tensão do espectador.


É compreensível a escolha do Festival de Cannes ao premiar Refn como melhor diretor: ele cria uma figura de herói em Ryan Gosling ao filmá-lo em close, com raios de sol ao fundo, ou na sua imagem simultânea com a cidade, situando o ambiente da personagem e também do filme em si.


Drive é um filme merecedor de público. Da mesma forma que é possível se divertir com explosões e destruições em massa em Transformers, por exemplo, também é nesse filme; não só possível, mas recompensador: tem-se ali presentes as cenas de ação, os diálogos impactantes e, principalmente, um roteiro coerente, transparente e plausível. Nada mais justo apreciá-lo.




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Ewerton

Sobre o autor

Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera A Bombonière

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