The Loved Ones
Austrália
2009
Terror
84
minutos
Dirigido
e escrito por: Sean Byrne.
Elenco:
Xavier Samuel, Robin McLeavy, John Brumpton.
O
gênero terror, principalmente no cinema atual, é algo controverso. Em alguns
casos, filmes totalmente despretensiosos são produzidos com o único intuito de
serem vendidos e divertirem o público-alvo; em outros, há os filmes que tentam
passar uma imagem mais séria, mas acabam caindo na mesmice de sempre e
afundando nas bilheterias; existem também os exemplares que não estão nem no
primeiro, nem no segundo caso, são aqueles filmes razoáveis, mas que não
marcam; por fim, o gênero terror, bem de vez em quando, traz filmes que
realmente assustam e chocam qualquer plateia, tendo uma grande repercussão e se
tornando clássicos.
Nos
últimos anos, uma onda gore vem tomando espaço no cenário cinematográfico. São
filmes que contêm cenas de, às vezes, extrema violência, muito sangue, torturas
gratuitas e, de quebra, sexo. O Albergue
e Jogos Mortais são exemplos claros e
atuais, assim como A Centopeia Humana,
que provocou muito burburinho na Internet e ressuscitou a personagem do
cientista perturbado, com algumas críticas o classificando como um filme
pseudo-cult.
Ao
assistir o trailer de The Loved Ones,
vê-se uma sinopse já conhecida: haverá um baile de formatura e os casais devem
ser formados. Uma garota quer ir com um garoto que a dispensa, pois já vai com
outra. A primeira fica revoltada e resolve se vingar. Muitos filmes de terror
envolvendo adolescentes abordam essa temática, não na mesma ordem ou com os
mesmos elementos, mas de maneira geral são parecidos: Carrie - A Estranha é um exemplo clássico que se encaixa no último
tipo de filme de terror comentado no começo desse texto.
No
entanto, a produção australiana, apesar de erros bobos e comuns em qualquer
película do gênero, mostra um filme amadurecido. Não é um daqueles que se
tornará um ícone do terror moderno, mas é uma boa pedida para os fãs de terror
que estão sentindo falta de uma produção bem feita.
Sean Byrne, diretor do famoso documentário The Secret - O Segredo, que também escreveu o roteiro de The Loved Ones, abre seu filme de
maneira gostosa de assistir: a trilha sonora toca Lonesome Loser, música de
1979 da Little River Band, banda de rock australiana, e a edição acompanha a
batida da música, mostrando cenários com uma fotografia clara, ambientando o
filme como um suposto road movie.
Apesar
desse clima Sessão da Tarde que se instaura logo no início, em menos de quinze
minutos o rumo da história já é tomado e seguido até o final. Diferentemente de
Jogos Mortais, que faz de tudo para
ter uma edição rápida nos momentos mais críticos de tortura, The Loved Ones ganha pontos ao ter uma
transição de cenas calma, compassada; as cenas onde o pobre Brent (interpretado
por Xavier Samuel, o vampiro malvado de A
Saga Crepúsculo: Eclipse) sofre nas mãos da rejeitada Lola (interpretada
por Robin McLeavy) equilibram a violência explícita com a sugerida: em alguns
momentos o espectador vê a faca entrando fundo na carne de Brent, em outros a
câmera apenas filma em close o rosto do rapaz, deformado por esgares de dor e
desespero.
A
atuação dos jovens não deixa a desejar. Robin McLeavy, que faz a vilã Lola, não
poderia apresentar outro tipo de atuação a não ser da garota perturbada e
sedenta por vingança. É uma personagem que causa várias reações no público:
nojo, escárnio, raiva. Brent, a vítima, apesar de parecer um pouco desajustado
às cenas no início do filme, ganha uma importância maior com o decorrer do
roteiro e atuação de Xavier Samuel, que não é apenas aquele contratado para
fazer cara de dor, desespero ou raiva.
O
filme, no entanto, apresenta algo dispensável: qual é a função, causa ou
circunstância de mostrar a relação rápida e passageira entre o amigo de Brent,
Jamie e a gótica, Mia? A não ser pela função dos dois irem ao baile e provarem
que há uma formatura mesmo, nada mais. Não há acréscimo significativo na
história. Do resto, tudo está ali presente para encaixar os blocos da história:
há motivo real para Lola querer torturar Brent, além de se sentir rejeitada, o
que dá um pouco mais de embasamento ao argumento da trama.
The Loved Ones, portanto, é um exemplo que se
arrisca ao apresentar um roteiro com história já abordada em outros filmes, mas
que dá um tratamento melhor para o resultado final ser mais satisfatório. Está
presente ali as cenas gore, momentos de alívio cômico, um pouco de drama e, no
geral, diversão para quem sempre gosta de conferir um filme despretensioso, mas
bem feito.
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Sobre o autor
Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera
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