Pânico 4
Scream 4
2011
EUA
Terror
Terror
111 minutos
Direção: Wes Craven
Roteiro: Kevin Williamson
Em 1996 uma franquia inovadora despontou no cinema. O primeiro Pânico surgiu como um filme que satirizava todos os filmes slashers possíveis lançados anteriormente e, divertidamente, satirizava a si mesmo. O conceito de trabalhar e brincar com as regras dos filmes de terror de assasinos serial-killer veio a calhar e o primeiro filme da franquia fez grande sucesso, gerando muitos fãs e uma nova onda de filmes de assassinos.
O diretor, Wes Craven, já havia inovado nos anos 80 com o seu A Hora do Pesadelo, mostrando o desespero de adolescentes (note aí o primeiro filme do então novato Johnny Depp) que morriam através do mundo dos sonhos e alucinações. A partir do filme também houve a inclusão do humor (voluntário ou não) nas cenas de matanças e sangue jorrando para todos os lados. Craven havia trabalhado também o tema de vingança, nos anos 70, com Aniversário Macabro, que recentemente ganhou remake, com sua produção, sob o título de A Última Casa.
Muito dessa experiência com filmes bons de terror o diretor empregou na trilogia Pânico, com o primeiro lançado em 1996, o segundo em 1997 e o terceiro em 2000. Ao seu lado, teve a grande colaboração de Kevin Williamson, criador das personagens e idealizador do assassino Ghostface. Porém, no terceiro filme, Williamson, que já não tinha uma boa relação com os produtores e executivos do estúdio, deixou o cargo de roteirista e foi substituído por Ehren Krueger. Os fãs, de modo geral, não aprovaram o então último filme da franquia, alegando que a série começou a perder o caminho que havia trilhado na década passada. O próprio roteiro já fazia piada sobre o fato de ser sempre mudado, afinal, brigas e discussões entre roteirista e executivos davam em cortes e refilmagens de cenas, prolongando o processo de filmagem e estendendo a duração dos filmes, que logo a partir do segundo já contava com duas horas.
O engraçado de toda a fábula é que Wes Craven sempre alegava que sentia vontade de voltar e filmar um quarto filme Pânico, mesmo com todos os problemas enfrentados e percebidos no último. O diretor, no entanto, sabia que a grande habilidade de Williamson em seus roteiros contava muito para o sucesso do filme, pois o ele havia trabalhado na série Dawson's Creek e sabia o mundo dos adolescentes dos anos 90. Mas anos se passaram desde o último Pânico, e, invariavelmente, os adolescentes também mudaram. Problema? Não se o tema do terror ainda fosse satirizar filmes do mesmo gênero, suas regras e, principalmente, suas vítimas.
Pânico 4 retoma todas essas características de forma ultra-divertida. Acompanhando a história desde o primeiro filme, esse quarto volta com a vítima-mor Sidney (interpretada pela ainda em forma, fisicamente e artisticamente, Neve Campbell) retornando à sua cidade-natal, Woodsboro, onde os assassinatos anteriores ocorreram em grandes massacres, todos ligados à ela, para divulgar seu livro de auto-ajuda, também baseado em sua vivência aterradora com os assassinatos.
Porém, propositalmente ou não, Ghostface, o assassino mascarado, também resolve dar as caras e um novo massacre começa. Portanto, se você é fã oldschool da franquia, sangue, facadas e pancadas não faltarão para o deleite geral (Ghostface continua errando algumas facadas, claro). O filme, logo de início, já começa a todo vapor, disparando farpas às franquias atuais do cinema, como Jogos Mortais, e demonstrando que (como a frase de efeito do material de divulgação ressalta) se estamos em uma nova década, há novas regras, como a inclusão maléfica das redes sociais, propulsionadas pela (neste caso) não tão amiga Internet.
É exatamente nesse ponto que o roteirista Kevin Williamson acerta. Atualizar a franquia com a atualidade. Não adiantaria fazer mais uma sequência Pânico se as regras continuassem as mesmas, como se o tempo não passasse.
Outro acerto do novo filme foi manter as personagens antigas, como as de Courteney Cox e David Arquette. Nos outros filmes, Cox interpretava a jornalista Gale Weathers, que não tinha papas na línguas e nem desconfiômetro, metendo-se no meio das cenas de crime e fazendo sua própria investigação. Arquette era o policial Dewey, desajeitado, sempre chegava nos momentos errados e nunca acertava uma bala no assassino. Bem, nova década, novas regras, Gale e Dewey agora estão casados; a jornalista deixou de ser jornalista para escrever livros de ficção e Dewey, agora xerife, continua com a mesma pontaria ruim.
De certa forma, Pânico 4 sofreu a maldição dos produtores e roteiristas brigarem, trazida dos filmes anteriores, especialmente do terceiro, como já comentei. Fazendo uma rápida pesquisa de imagens do filme na Internet, encontra-se algumas de cenas que não estão na película. Bem, Williamson discutiu com os grandões do estúdio novamente, foi substituído provisóriamente e, um tempo depois, voltou à produção e finalizou o roteiro. Mas, diferentemente do último, Pânico 4 não se perde, encaminhando a história de forma eletrizante do começo ao fim. Especialmente no fim.
O "terceiro ato", como uma das personagens auto-intitula a parte derradeira do filme, é simplesmente fantástico. Toda a cena do crime montada e, logo depois, o desfecho no hospital é puro entretenimento genuíno de Wes Craven, que conduz as cenas de tensão, tiros e facadas de forma brilhante e divertida. Deve-se dar um destaque para os diálogos escritos para Ghostface e suas respectivas vítimas ao telefone. As respostas que o assassino dá às perguntas (muitas vezes estúpidas) das pessoas que em instantes sabemos que vão morrer são demais. É rir da desgraça alheia, literalmente.
Entre as cenas mais legais, vemos referências aos outros filmes da franquia, parecendo que Ghostface também está tirando uma onda com a cara do público, no meio de tanto papo metalinguístico sobre quais regras devem ser seguidas e quais são as renovadas, onde tanto personagens quanto o próprio assassino perdem-se ou simplesmente inventam, tornando o filme mais imprevisível.
E imprevisibilidade é o que não falta. Craven e Williamson superam todas as expectativas, entregando um final coerente e (algo que também se perdeu no terceiro filme, com uma história esquisita de irmão distante que descobre tudo e volta para brincar de assassino), ao mesmo tempo, inesperado. É daqueles onde o público simplesmente se sente tapeado por não ter percebido o óbvio antes.
No geral, Pânico 4 agrada por suas piadas (mexendo até com J. K. Rowling e Daniel Radcliffe), suas cenas bem conduzidas (o auto-massacre no final é de rir sem piedade) e as personagens antigas que voltam com o mesmo fôlego, como se não tivessem envelhecido (uma dose de maquiagem extra para Courteney Cox e Neve Campbell, obviamente). Nos resta agora é imaginar o que roteirista e diretor irão criar para os próximos filmes. Porque segundo notícias, uma nova trilogia começou.
Será?
© 2011 Dimension Films |
O diretor, Wes Craven, já havia inovado nos anos 80 com o seu A Hora do Pesadelo, mostrando o desespero de adolescentes (note aí o primeiro filme do então novato Johnny Depp) que morriam através do mundo dos sonhos e alucinações. A partir do filme também houve a inclusão do humor (voluntário ou não) nas cenas de matanças e sangue jorrando para todos os lados. Craven havia trabalhado também o tema de vingança, nos anos 70, com Aniversário Macabro, que recentemente ganhou remake, com sua produção, sob o título de A Última Casa.
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O engraçado de toda a fábula é que Wes Craven sempre alegava que sentia vontade de voltar e filmar um quarto filme Pânico, mesmo com todos os problemas enfrentados e percebidos no último. O diretor, no entanto, sabia que a grande habilidade de Williamson em seus roteiros contava muito para o sucesso do filme, pois o ele havia trabalhado na série Dawson's Creek e sabia o mundo dos adolescentes dos anos 90. Mas anos se passaram desde o último Pânico, e, invariavelmente, os adolescentes também mudaram. Problema? Não se o tema do terror ainda fosse satirizar filmes do mesmo gênero, suas regras e, principalmente, suas vítimas.
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Porém, propositalmente ou não, Ghostface, o assassino mascarado, também resolve dar as caras e um novo massacre começa. Portanto, se você é fã oldschool da franquia, sangue, facadas e pancadas não faltarão para o deleite geral (Ghostface continua errando algumas facadas, claro). O filme, logo de início, já começa a todo vapor, disparando farpas às franquias atuais do cinema, como Jogos Mortais, e demonstrando que (como a frase de efeito do material de divulgação ressalta) se estamos em uma nova década, há novas regras, como a inclusão maléfica das redes sociais, propulsionadas pela (neste caso) não tão amiga Internet.
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Outro acerto do novo filme foi manter as personagens antigas, como as de Courteney Cox e David Arquette. Nos outros filmes, Cox interpretava a jornalista Gale Weathers, que não tinha papas na línguas e nem desconfiômetro, metendo-se no meio das cenas de crime e fazendo sua própria investigação. Arquette era o policial Dewey, desajeitado, sempre chegava nos momentos errados e nunca acertava uma bala no assassino. Bem, nova década, novas regras, Gale e Dewey agora estão casados; a jornalista deixou de ser jornalista para escrever livros de ficção e Dewey, agora xerife, continua com a mesma pontaria ruim.
De certa forma, Pânico 4 sofreu a maldição dos produtores e roteiristas brigarem, trazida dos filmes anteriores, especialmente do terceiro, como já comentei. Fazendo uma rápida pesquisa de imagens do filme na Internet, encontra-se algumas de cenas que não estão na película. Bem, Williamson discutiu com os grandões do estúdio novamente, foi substituído provisóriamente e, um tempo depois, voltou à produção e finalizou o roteiro. Mas, diferentemente do último, Pânico 4 não se perde, encaminhando a história de forma eletrizante do começo ao fim. Especialmente no fim.
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Entre as cenas mais legais, vemos referências aos outros filmes da franquia, parecendo que Ghostface também está tirando uma onda com a cara do público, no meio de tanto papo metalinguístico sobre quais regras devem ser seguidas e quais são as renovadas, onde tanto personagens quanto o próprio assassino perdem-se ou simplesmente inventam, tornando o filme mais imprevisível.
E imprevisibilidade é o que não falta. Craven e Williamson superam todas as expectativas, entregando um final coerente e (algo que também se perdeu no terceiro filme, com uma história esquisita de irmão distante que descobre tudo e volta para brincar de assassino), ao mesmo tempo, inesperado. É daqueles onde o público simplesmente se sente tapeado por não ter percebido o óbvio antes.
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Será?
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Sobre o autor
Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera
A Bombonière