Paranormal Activity 3
2011
EUA
EUA
Terror
85 minutos
Direção: Henry Joost e Ariel Schulman
Roteiro: Michael R. Perry
Certo dia, o então desconhecido Oren Peli passou por uma experiência pessoal: em sua casa, uma caixa de detergente caiu do armário, sozinha. Após esse simples detalhe, o diretor e roteirista transformou-o em filme: surgia aí o primeiro Atividade Paranormal. O filme exigiu uma quantia ínfima de US$11 mil, poucos atores e uma locação fácil de conseguir (Peli rodou o filme na própria casa). Caminhando de festivais em festivais, logo após finalizar a película, Oren Peli deparou-se com a Paramount Pictures, que ficou interessada pelo inusitado projeto, comprando seus direitos. Após certos ajustes (Steven Spielberg, por exemplo, sugeriu uma mudança no final do filme, possibilitando assim ganchos para as demais sequências), o filme foi lançado em menos de 200 cinemas nos Estados Unidos, em 2009. Porém, no primeiro fim de semana, a película arrecadou mais de US$9 milhões, quebrando o antigo recorde d'A Bruxa de Blair como filme mais lucrativo da história. Ideia até então original, pouco dinheiro gasto na produção e um markenting viral barato e funcional.
A questão é que o primeiro Atividade Paranormal promete demais. A premissa é boa: mocinha começa a sentir e ouvir coisas dentro de casa > mocinho, o cético, resolve provar pra mocinha que aquilo é bobagem > mocinho resolve filmar a casa durante à noite > coisas realmente acontecem > todos ficam com medo. Mas, para configurar como longa-metragem, foi preciso alongar a história com cenas de pura enrolação. O grande problema, no entanto, é o final: quando o espectador pensa que o clímax vai acontecer... nada demais acontece. Ou acontece, se você for ultra sensível e alguém que fica chocado com pouca coisa.
Bom ou ruim, o filme fez grande sucesso (lê-se dinheiro) no mundo todo e, como Hollywood dita, virou franquia. O segundo Atividade Paranormal surgiu no ano passado e deixou aqueles que não acreditavam tanto na franquia com a boca ligeiramente aberta (eu me incluo nesse grupo). O filme, roteirizado por Michael R. Perry (o mesmo do bom Paranoia), deu um up na monotonia e lenga-lenga do primeiro longa, além de aumentar a tensão: antes uma única câmera flagrava os acontecimentos paranormais, agora uma rede interna captava seja lá o que resolvesse aparecer.
A sacada mais inteligente, tanto dos produtores quanto do diretor e roteirista do segundo filme, foi a questão de voltar no tempo, contar uma parte da história anterior à mostrada no primeiro. A questão de uma ideia do tipo é saber amarrá-la com competência e ser coerente, já que a intenção do filme é mostrar o medo e a tensão de pessoas "normais", vivendo suas vidas "normais", quando, repentinamente, deparam-se com algum tinhoso dentro de casa. O filme, no entanto, cumpre com a promessa e mostra à sua plateia tensão do início ao fim.
Com mais um sucesso nos cofres, a Paramount liberou mais grana e o terceiro capítulo da franquia já estava garantido. Os envolvidos no projeto, porém, tinham duas opções: mostrar o que aconteceu após o episódio ambientado no primeiro filme (que é posterior ao mostrado no segundo) ou, como foi realizado, revelar o porquê da atividade paranormal. Para isso, era preciso mostrar a infância das duas irmãs que sofrem com as experiências sobrenaturais.
Michael R. Perry voltou como roteirista e, de quebra, dois documentaristas foram contratados para dirigirem o terceiro filme, Henry Joost e Ariel Schulman. Atividade Paranormal 3, é, sem dúvida alguma, o melhor filme da franquia. Primeiro porque o filme é ambientado nos anos 80, e isso significa uma tecnologia mais pobre: a própria imagem de VHS causa desconforto em quem assiste.
Um dos pontos interessantes desse capítulo é o padrasto das meninas, Dennis. Ele trabalha com edição de vídeo, e, com a ajuda de seu assistente adolescente, Randy (um bom alívio cômico para a constante tensão da película), pode captar os estranhos acontecimentos que passam a acontecer quando a filha mais nova começa a conversar com um "amigo imaginário" chamado Toby.
Outro mérito é a atuação das meninas: apesar de atrizes-mirim, estão incrivelmente bem nos respectivos papéis, não passando aquela impressão de atuação-robô. O espectador passa a realmente acreditar que aquela filmagem foi encontrada em algum lugar e está ali, diante de seus olhos, passando e mostrando cenas no mínimo desconfortáveis.
O único receio era Atividade Paranormal 3 herdar o final tosco do primeiro filme. Mas, se analisarmos bem, a mudança de final sugerida por Spielberg funciona para quem assiste a terceira sequência. Sem contar que os três filmes estão inteiramente relacionados, seja nos pequenos detalhes como as datas de filmagens noturnas, como em outros aspectos.
Dou destaque para duas sequências deste terceiro filme: a cena onde Dennis desmonta um ventilador e apoia uma câmera em sua base oscilante, para filmar tanto a sala, quanto a cozinha, e, à noite, acompanha o sofrimento da babysitter com um lençol branco (sem contar a cena da esposa, quando não encontra os eletrodomésticos); e a cena onde uma das filhas e Randy resolvem brincar de Bloody Mary (ou Loira do Banheiro, aqui no Brasil), com consequências bem assustadoras.
Após assistir o terceiro filme, respire aliviado por dois motivos: primeiro porque, enfim, surgiu uma película bem feita e que promete o que cumpre; segundo porque o filme, as cenas, a tensão, o suor e os pulos na cadeira acabaram. Para o seu próprio bem.
*
Nota: vale ressaltar que um dos executivos da Paramount já anunciou que haverá um quarto filme. Só espero que não manchem a qualidade promovida por este terceiro.
© 2011 Paramount Pictures |
A questão é que o primeiro Atividade Paranormal promete demais. A premissa é boa: mocinha começa a sentir e ouvir coisas dentro de casa > mocinho, o cético, resolve provar pra mocinha que aquilo é bobagem > mocinho resolve filmar a casa durante à noite > coisas realmente acontecem > todos ficam com medo. Mas, para configurar como longa-metragem, foi preciso alongar a história com cenas de pura enrolação. O grande problema, no entanto, é o final: quando o espectador pensa que o clímax vai acontecer... nada demais acontece. Ou acontece, se você for ultra sensível e alguém que fica chocado com pouca coisa.
© 2011 Paramount Pictures |
A sacada mais inteligente, tanto dos produtores quanto do diretor e roteirista do segundo filme, foi a questão de voltar no tempo, contar uma parte da história anterior à mostrada no primeiro. A questão de uma ideia do tipo é saber amarrá-la com competência e ser coerente, já que a intenção do filme é mostrar o medo e a tensão de pessoas "normais", vivendo suas vidas "normais", quando, repentinamente, deparam-se com algum tinhoso dentro de casa. O filme, no entanto, cumpre com a promessa e mostra à sua plateia tensão do início ao fim.
© 2011 Paramount Pictures |
Michael R. Perry voltou como roteirista e, de quebra, dois documentaristas foram contratados para dirigirem o terceiro filme, Henry Joost e Ariel Schulman. Atividade Paranormal 3, é, sem dúvida alguma, o melhor filme da franquia. Primeiro porque o filme é ambientado nos anos 80, e isso significa uma tecnologia mais pobre: a própria imagem de VHS causa desconforto em quem assiste.
Um dos pontos interessantes desse capítulo é o padrasto das meninas, Dennis. Ele trabalha com edição de vídeo, e, com a ajuda de seu assistente adolescente, Randy (um bom alívio cômico para a constante tensão da película), pode captar os estranhos acontecimentos que passam a acontecer quando a filha mais nova começa a conversar com um "amigo imaginário" chamado Toby.
Outro mérito é a atuação das meninas: apesar de atrizes-mirim, estão incrivelmente bem nos respectivos papéis, não passando aquela impressão de atuação-robô. O espectador passa a realmente acreditar que aquela filmagem foi encontrada em algum lugar e está ali, diante de seus olhos, passando e mostrando cenas no mínimo desconfortáveis.
© 2011 Paramount Pictures |
Após assistir o terceiro filme, respire aliviado por dois motivos: primeiro porque, enfim, surgiu uma película bem feita e que promete o que cumpre; segundo porque o filme, as cenas, a tensão, o suor e os pulos na cadeira acabaram. Para o seu próprio bem.
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Nota: vale ressaltar que um dos executivos da Paramount já anunciou que haverá um quarto filme. Só espero que não manchem a qualidade promovida por este terceiro.
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Sobre o autor
Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera
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