7 de outubro de 2011

Filme: Casa Vazia


Casa Vazia
빈 집 / Bin-jip / 3-Iron
2004
Coreia do Sul / Japão
Drama
88 minutos


Direção: Kim Ki-duk
Roteiro: Kim Ki-duk


© 2004 Kim Ki-duk Films
"Somos todos casas vazias, à espera de alguém para abrir a fechadura e nos libertar. Um dia, meu desejo se torna realidade, um homem chega como um fantasma e me leva para longe do meu confinamento. E eu sigo, sem dúvidas, sem reservas, até encontrar o meu novo destino."

É com esse pequeno parágrafo que o diretor e roteirista coreano, Kim Ki-duk, abre uma de suas melhores e mais sensíveis obras.

Simples, singela e quase muda, a estória contada através das lentes cuidadosas de Kim Ki-duk nos mostra a rotina de um estudante coreano, jovem, que roda pela cidade com sua moto, colando panfletos nas portas das casas. Após um tempo, o jovem passa na mesma rua visitada anteriormente e observa qual casa não retirou o panfleto anexado à porta. Aquela que mantém o papel ainda colado denuncia seu estado: está vazia. Pelo menos por algumas horas.

© 2004 Kim Ki-duk Films
Com maestria, o rapaz arranca um molho de chaves de uma maleta, juntamente com instrumentos de chaveiro, e arromba a casa. Tudo com extrema calma e delicadeza. Invade o local, assiste TV, come a comida presente na geladeira. Mas não rouba. Tampouco quebra objetos ou aparelhos. Ao contrário: conserta aparelhos quebrados, lava as roupas usadas por ele durante sua "estadia", cozinha se for preciso.

Quando sai da casa e a família retorna, muitas vezes não entende como aquele aparelho voltou a funcionar ou porque a roupa apareceu lavada. O jovem faz a mesma rotina de colar panfletos em outras ruas, para posteriormente invadir outra casa e assim por diante.

© 2004 Kim Ki-duk Films
Tudo é mostrado por imagens. Não há diálogos, não há discussões, não há perguntas e nem respostas verbais. Kim Ki-duk constrói a base do universo de seu filme ali, na nossa frente, apenas mostrando o dia-a-dia do jovem.

Até que algo ocorre. O estudante encontra uma casa vazia. Em termos.

Lá dentro da mansão há uma mulher, maltratada pelo marido e infeliz. Ela o observa em sua rotina. O vê lavando as roupas de sua casa, usando a cama, se masturbando. Não o interrompe, muito menos se mostra para ele. Então, ele a descobre. E ela descobre um novo olhar para sua vida.

Kim Ki-duk não faz rodeios. Mostra com sutileza, mas com veracidade, aquilo que quer mostrar. Filtra através de sua fotografia o universo alternativo do jovem, a aventura que isso se torna na vida da mulher, a ira do marido que se sente traído.

© 2004 Kim Ki-duk Films
Poético, concreto e também abstrato. Casa Vazia prova que não é preciso palavras para contar-se uma bela estória. Muito menos para nos convencer de que aquilo que parece impossível, na maioria das vezes, não é.

A cena final é um grande desfecho: romântica, não-piegas, sensível e verdadeira. Um presente aos olhos.



 -
O conteúdo deste post é protegido. 
Caso queira reproduzir alguma parte, favor consultar as políticas do blog. 

Ewerton

Sobre o autor

Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera A Bombonière

Related Posts with Thumbnails