O Discurso do Rei
The King's Speech
2010
Inglaterra
Drama
118 minutos
Direção: Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
© 2010 The Weinsten Company |
O ato de impor a voz diante de um público, de uma plateia, por exemplo, exige grande dicção de palavras, voz e gestos por parte do falante, para que a mensagem chegue de maneira exata e satisfatória aos ouvidos de quem a absorve.
Albert Frederick Arthur George, descendente da linhagem real britânica nos meados da pré-Segunda Guerra Mundial sofre exatamente com isso: seu principal inimigo é o microfone, extensão de sua voz ao público, ao povo inglês, simplesmente por ser algo desde criança: gago.
Após consultas com diversos médicos e especialistas em fala, incluindo estranhos e embaraçosos métodos como por bolinhas de metal dentro da boca e tentar falar, Albert sente-se saturado. Os fatores o pressionam por todos os lados: seu pai, desde criança, o obriga a corrigir sua gagueira de forma forçosa; seu irmão mais velho, David, primeiro sucessor ao trono real britânico, faz chacota de seu problema natural desde a infância, e agora, na vida adulta, Albert precisa se expressar em público para cumprir seus deveres como príncipe.
Sua mulher o ajuda no que é preciso, sabe que o marido se sente acuado, introvertido quando precisa ler ou falar diante de muitas pessoas, e é por isso que ela procurar Lionel Logue, suposto especialista muito bem sucedido, indicado por uma conhecida.
É a partir desse momento que a trama de O Discurso do Rei se desenrola. O grande conflito é o microfone: Albert precisa vencer seu medo de gaguejar em público, precisa falar com uma dicção boa e clara, precisa realizar que sua mensagem está chegando de forma concisa a quem a ouve.
A fotografia utilizada na película ressalta o incômodo que o futuro rei vivencia. Os closes nos objetos de comunicação como microfones e telefones destacam minuciosamente os adversários que Albert precisa encarar. A câmera enquadra meio que deslocadamente os atores em seus longos, mas intrigantes diálogos, provando que a situação é realmente desconcertante: de certa forma, Albert precisa confiar no suposto médico Lionel, precisa depositar sua crença naquele homem empertigado e confiante em seus próprios métodos.
A trilha sonora também ajuda na dramatização das cenas. Quando a personagem precisa discursar, pianos e violinos entram em ação, musicando sua dificuldade e jogando um peso irreversível às cenas, para quem assiste.
Mas, com certeza, o grande destaque que carrega o filme adiante, são as atuações de Colin Firth (merecidademente ganhador do Oscar de Melhor Ator na edição deste ano) e Geoffrey Rush, que interpretam, respectivamente, o futuro rei e o médico.
Em toda cena onde Colin Firth se esforça para conseguir falar, dando uma roupagem totalmente convincente na gagueira do rei George VI, o espectador se sente inquieto, doloroso, solidário com a figura monárquica que se desfaz e se torna apenas um homem comum, sem poder, sem ter como se defender diante das pessoas. Um grande destaque para a cena de exercícios vocálicos onde o príncipe perde o pudor-próprio e solta uma enxurrada de palavrões.
Já Geoffrey Rush ganha com sua presença de espírito e, principalmente, atuação. Ele entrega um Lionel sincero, verdadeiro e até, por que não?, debochado. Desde o momento em que se encontra com o então príncipe, onde já põe as cartas na mesa e diz que, dentro do consultório, terão que ser iguais, até a última cena, onde reconhece que seu trabalho teve um êxito e reconhecimento. A sequência onde ele ajuda Albert no ensaio para sua coroação é simplesmente fantástica e uma das melhores do filme.
O Discurso do Rei é um bom filme. Marcante ao mostrar que a superação nem sempre é de algo muito complexo. Pode ser através de um medo, bloqueando as oportunidades, demonstrando que, não importa quem seja, estamos todos sujeitos à fraquezas e, posteriormente, grandes provações. Isso, é claro, se formos capazes de enfrentar nossos próprios inimigos.
Após consultas com diversos médicos e especialistas em fala, incluindo estranhos e embaraçosos métodos como por bolinhas de metal dentro da boca e tentar falar, Albert sente-se saturado. Os fatores o pressionam por todos os lados: seu pai, desde criança, o obriga a corrigir sua gagueira de forma forçosa; seu irmão mais velho, David, primeiro sucessor ao trono real britânico, faz chacota de seu problema natural desde a infância, e agora, na vida adulta, Albert precisa se expressar em público para cumprir seus deveres como príncipe.
© 2010 The Weinsten Company |
É a partir desse momento que a trama de O Discurso do Rei se desenrola. O grande conflito é o microfone: Albert precisa vencer seu medo de gaguejar em público, precisa falar com uma dicção boa e clara, precisa realizar que sua mensagem está chegando de forma concisa a quem a ouve.
A fotografia utilizada na película ressalta o incômodo que o futuro rei vivencia. Os closes nos objetos de comunicação como microfones e telefones destacam minuciosamente os adversários que Albert precisa encarar. A câmera enquadra meio que deslocadamente os atores em seus longos, mas intrigantes diálogos, provando que a situação é realmente desconcertante: de certa forma, Albert precisa confiar no suposto médico Lionel, precisa depositar sua crença naquele homem empertigado e confiante em seus próprios métodos.
A trilha sonora também ajuda na dramatização das cenas. Quando a personagem precisa discursar, pianos e violinos entram em ação, musicando sua dificuldade e jogando um peso irreversível às cenas, para quem assiste.
© 2010 The Weinsten Company |
Em toda cena onde Colin Firth se esforça para conseguir falar, dando uma roupagem totalmente convincente na gagueira do rei George VI, o espectador se sente inquieto, doloroso, solidário com a figura monárquica que se desfaz e se torna apenas um homem comum, sem poder, sem ter como se defender diante das pessoas. Um grande destaque para a cena de exercícios vocálicos onde o príncipe perde o pudor-próprio e solta uma enxurrada de palavrões.
Já Geoffrey Rush ganha com sua presença de espírito e, principalmente, atuação. Ele entrega um Lionel sincero, verdadeiro e até, por que não?, debochado. Desde o momento em que se encontra com o então príncipe, onde já põe as cartas na mesa e diz que, dentro do consultório, terão que ser iguais, até a última cena, onde reconhece que seu trabalho teve um êxito e reconhecimento. A sequência onde ele ajuda Albert no ensaio para sua coroação é simplesmente fantástica e uma das melhores do filme.
© 2010 The Weinsten Company |
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Sobre o autor
Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera
A Bombonière