Um Novo Despertar
The Beaver
2011
EUA
EUA
Drama
92 minutos
Direção: Jodie Foster
Roteiro: Kyle Killen
Todo mundo já se sentiu pra baixo alguma vez na vida. A diferença é que muitos se sentem em um grau menor ou maior. Walter Black não está alocado no grupo de grau menor, nem no maior. Walter Black está sozinho no setor "fundo do poço".
É com essa imagem que o espectador é apresentado ao personagem interpretado por Mel Gibson na nova película dirigida pela atriz Jodie Foster: Um Novo Despertar. A primeira coisa que assistimos ao começar o filme é ver como Walter Black está pra baixo. Aliás, "pra baixo" é um pouco errado. Ele está terrivelmente pra baixo.
Walter era um diretor da companhia que herdou do pai. "Era" pois a depressão fez o favor de tirar o cargo de suas mãos pouco a pouco, pois sua vontade de trabalhar é a mesma de levantar-se da cama todos os dias: nenhuma. Walter costumava ter uma família também, esposa e dois filhos, um que está prestes a se formar no ensino médio e outro menor. O menor ainda tenta contato com Walter; já o mais velho prefere o máximo de distância.
Com todo esse clima horrível e sem nenhuma esperança em melhorá-lo, Walter resolve dar um fim a tudo isso quando Meredith, sua mulher (interpretada por Jodie Foster), resolve chutá-lo de casa de uma vez por todas.
Só que antes de acabar com sua própria vida, Walter acha, em um amontoado de lixo e coisas velhas, um fantoche abandonado. Um castor. Ao estar praticamente no ponto de se matar, resolve por o bicho de pelúcia na mão. É nesse momento que sua vida muda.
Cara de filme da Sessão da Tarde, não? Um Novo Despertar tem toda a chance de virar filme em cartaz nas sessões de toda a tarde da televisão. A diferença é que, ao contrário do que muitas pessoas defendem, Mel Gibson apresenta uma interpretação muito competente. Ele nos mostra um Walter Black realmente desesperançoso com tudo e com todos. Mas seu brilhantismo como ator surge mesmo quando o fantoche de castor pousa sobre sua mão e a outra personalidade aparece.
O filme em si é conduzido pelas cenas onde Walter fala por si, ou o Castor fala por ele. Quando fala com a mulher, com os filhos, com os empregados da companhia ou quando o próprio Walter conversa com o Castor. E desses diálogos o espectador vai acompanhando a crescente melhora de Walter: da depressão profunda e quase morte até a sua redenção.
O interessante do roteiro, porém, vem quando o Castor passa a superar Walter. Quando ele mostra sua verdadeira face e seu verdadeiro lado, que, de forma óbvia, não tem as melhores intenções.
É nesse ponto onde todos aqueles que assistem passam a discutir mentalmente o que realmente está acontecendo: Walter tem duas personalidades desde antes de usar o fantoche? Ou passou a desenvolver esse outro lado a partir do momento em que o boneco tomou as rédeas de sua vida e começou a falar por ele?
A direção de Jodie Foster mostra que seu punho não é o dos mais fortes, mas também não deixa o filme rolar de uma forma descontrolada ou incompetente. As personagens ao redor de Walter apresentam-se também com seus conflitos e problemas, dialogando com a personagem principal e fazendo com que a trama se desenrole a partir de questionamentos e discussões.
The Beaver, que teve o azar de cair no não tão seleto grupo de filmes que recebem uma "tradução" horrível de título aqui no Brasil, é um filme que merece ser assistido e apreciado como qualquer outro. Deve ser assistido também por apresentar uma história comum, mas apresentada de forma dramática bem trabalhada e, em certos momentos, com toques de comédia. É um filme que, apesar de apresentar uma cara "Sessão da Tarde", pode terminar com um gosto a mais nos espectadores.
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| © 2011 Summit Entertainment |
É com essa imagem que o espectador é apresentado ao personagem interpretado por Mel Gibson na nova película dirigida pela atriz Jodie Foster: Um Novo Despertar. A primeira coisa que assistimos ao começar o filme é ver como Walter Black está pra baixo. Aliás, "pra baixo" é um pouco errado. Ele está terrivelmente pra baixo.
Walter era um diretor da companhia que herdou do pai. "Era" pois a depressão fez o favor de tirar o cargo de suas mãos pouco a pouco, pois sua vontade de trabalhar é a mesma de levantar-se da cama todos os dias: nenhuma. Walter costumava ter uma família também, esposa e dois filhos, um que está prestes a se formar no ensino médio e outro menor. O menor ainda tenta contato com Walter; já o mais velho prefere o máximo de distância.
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Só que antes de acabar com sua própria vida, Walter acha, em um amontoado de lixo e coisas velhas, um fantoche abandonado. Um castor. Ao estar praticamente no ponto de se matar, resolve por o bicho de pelúcia na mão. É nesse momento que sua vida muda.
Cara de filme da Sessão da Tarde, não? Um Novo Despertar tem toda a chance de virar filme em cartaz nas sessões de toda a tarde da televisão. A diferença é que, ao contrário do que muitas pessoas defendem, Mel Gibson apresenta uma interpretação muito competente. Ele nos mostra um Walter Black realmente desesperançoso com tudo e com todos. Mas seu brilhantismo como ator surge mesmo quando o fantoche de castor pousa sobre sua mão e a outra personalidade aparece.
O filme em si é conduzido pelas cenas onde Walter fala por si, ou o Castor fala por ele. Quando fala com a mulher, com os filhos, com os empregados da companhia ou quando o próprio Walter conversa com o Castor. E desses diálogos o espectador vai acompanhando a crescente melhora de Walter: da depressão profunda e quase morte até a sua redenção.
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É nesse ponto onde todos aqueles que assistem passam a discutir mentalmente o que realmente está acontecendo: Walter tem duas personalidades desde antes de usar o fantoche? Ou passou a desenvolver esse outro lado a partir do momento em que o boneco tomou as rédeas de sua vida e começou a falar por ele?
A direção de Jodie Foster mostra que seu punho não é o dos mais fortes, mas também não deixa o filme rolar de uma forma descontrolada ou incompetente. As personagens ao redor de Walter apresentam-se também com seus conflitos e problemas, dialogando com a personagem principal e fazendo com que a trama se desenrole a partir de questionamentos e discussões.
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Sobre o autor
Ewerton Estudante de Letras, gosta de escrever, ler e analisar tudo o que está em alta (ou não) no mundo pop atual e antigo. Curte música pop e indie e, nas horas vagas, brinca de ser crítico de cinema.
@ewertonmera
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